Justiça olho por olho

09 março 2017


Livro: A Sétima Cela
Autor:  Kerry Drewery
Páginas: 316
Editora: Astral Cultural
Edição: 2015
Acabamento: Brochura
Nota: 4/5 
ISNB: 9788582462652


A primeira coisa que vocês vão pensar ou falar sobre este livro é "Isso é tão Black Mirror", sim, é exatamente essa sensação que vocês terão ao ler A Sétima Cela, da autora da inglesa Kerry Drewery. Já preparem sua ansiedade e o coraçãozinho para alguns ataques cardíacos, pois mutas vezes vocês muita raiva com as atitudes dos personagens, mas vale muito a pena cada momento. Este é o primeiro livro que trago aqui da nossa editora parceira Astral Cultura, que me enviou o livro em um kit muito amor. Muito obrigada pessoal.



O livro já começa com um assassinato a sangue frio, cometido por Martha Heneydew, a primeira adolescente a ser condenada a cadeira elétrica e ao sistema de justiça aplicado na Inglaterra, chamado Olho por Olho, onde o condenado tem apenas sete dias de vida. Nesse tempo o prisioneiro passa por setes diferentes celas, até a sua execução, por isso o livro é dividido em sete partes diferentes, cada uma retratando os últimos dias de Marta.


Esse tipo de justiça é o que eles chamam de justiça avançada, onde não existe mais tribunais, o sistema é mais "democrático" para a população e não é necessário procurar provas ou saber o motivo dos crimes, apenas a população decida se o condenado é culpado ou inocente, votando por telefone e pela internet. O detalhe é que para efetuar o voto, é preciso pagar uma taxa adicional, então por aí você já percebe que essa "democratização" não se aplica as pessoas que não podem pagar.


Isso que eles chamam de justiça é como se fosse um reality show (tipo o Big Brother), tudo é transmitido por um programa de televisão, que em grande parte manipula a mente dos telespectadores para terem a opinião que a mídia deseja que eles tenham, pois é mais fácil concordar com a opinião de massa, do que questionar.


Martha mata uma das figuras mais queridas da Inglaterra, Jackson Paige, e em nenhum momento ela diz que é inocente, muito pelo contrário. Porém, algumas peças não se encaixam nesta história, mas cabe a você descobri-las, já que todos os telespectadores são alienados e o que o programa de TV Morte é Justiça diz, é lei. Mas será que ela é mesmo culpada ou tem muito mais coisa por baixo dos panos?


Em A Sétima Cela somos apresentados para uma sociedade tão alienada que dá muita vontade de entrar no livro e dar uns tapas na cara de cada um deles, mas aí você percebe que isso não é tão diferente da nossa realidade e quem acaba levando o tapa na cara é o leitor.


Apenas três pontos me incomodaram no decorrer da leitura. Primeiro, é a forma como programa Morte é Justiça é apresentado, me lembrou um pouco como é narrado no quadrinho Cavaleiro das Trevas, não achei tão fluido assim, mas isso é uma coisa pessoal minha. Segundo, as vezes na narração o parágrafo de fala do personagem fica muito grande, logo em seguida vem outro parágrafo, mas é do mesmo personagem, então em alguns momentos me vi meio perdida nos diálogos. Terceiro, temos muitos pontos de vista de diversos personagens no decorrer do livro, sendo que o da Martha é em primeira pessoa, os outros tudo em terceira, mas não é isso que me incomodou, mas as vezes as trocas de personagens em alguns parágrafos são muito curtos.  De resto a leitura fluiu que foi uma beleza.


A Sétima Cela é uma distopia com grandes segredos envolvidos, boas cenas de ação, poder político e mostra como as pessoas podem ser alienas por um sistema de mídia. É uma excelente literatura para refletir sobre a nossa própria realidade. Esse é apenas o primeiro livro da trilogia A Cela, o segundo será lançado este ano ainda (se não me engano), então já prepara o coração para a continuação, que vai ser babado.


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