Apocalipse brasileiro

24 junho 2017



Livro: Filhos do Fim do Mundo
Autor: Fábio M. Barreto
Páginas: 287
Editora: Fantasy - Casa da Palavra
Edição: 2013
Acabamento: Brochura
Nota:3/5
ISNB: 978857343126
Quando fiquei sabendo que o Fábio Barreto (que mais tarde incluiria o M. entre seus nomes, para se diferenciar do cineasta) lançaria seu primeiro livro de ficção, prontamente corri atrás de uma edição para devorá-lo o quanto antes. Acompanho o trabalho do Fábio há alguns anos e o escutava constantemente em um podcast do qual é integrante.

Escrito em terceira pessoa, este livro nos submerge em um mundo apocalíptico, no qual todos os bebês morreram logo após o nascimento e, aos poucos, a humanidade se vê diante de nenhuma perspectiva de futuro, seja ele biológico ou até mesmo carnal. Para que, afinal, continue vivendo em sociedade, com suas regras, obrigações, direitos e deveres se, no fim das contas - e isso pode ser apenas no fim do dia, nada mais valerá a pena.
Nos apresentado ao Jornalista, passamos a acompanhá-lo enquanto tenta descobrir, em um cenário miscigenado entre a Los Angeles na qual o autor reside e a São Paulo de sua origem; nos identificamos pontualmente com suas descrições locais e, dessa forma, nos entregamos aos anseios do protagonista, cujo desespero cresce a cada momento justamente porque sua esposa está preste a dar a luz ao seu primeiro filho.
Filhos do Fim do Mundo é, aliás, uma lembrança à raça humana de sua fragilidade. Enquanto as tramas se desenvolvem e o Jornalista se vê diante do absurdo, seja ele o desespero de ser humano ou a falta dele, nós somos levados a subtramas pesadas, cujo envolvimento de militares e líderes sociais nos distanciam um pouco do plote principal do livro.
Enquanto admirava a capa muito bem ilustrada, por vezes queria que aquela história voltasse ao foco principal, pois eu, como leitor voraz gosto de tudo o que me faz refletir sobre a existência da raça humana, estava ávido por reviravoltas focadas naquilo que o Jornalista queria tanto salvar: o futuro de sua família, o prorrogar de sua genética.
Dividido em capítulos curtos, o texto de Filhos do Fim do Mundo é rápido, quase ao estilo Dan Brown, o que te fará ficar poucas vezes entediado, pois o Fábio M. Barreto tratou de tomar cuidado com a dinâmica da leitura. Com narrativa voraz, esta obra peca justamente no grande arco criado pra as pequenas tramas - e as informações que temos em mãos podem se perder se o leitor foi um pouco desatento. 
Bonito por dentro e por fora, recomento Filhos do Fim do Mundo porque não é um livro de maneira nenhuma descartável, mas sim essencial para os amantes de histórias de fim do mundo que, aqui, tiveram em um escritor nascido e criado na Zona Leste de São Paulo, o auge (e talvez o começo) de sua vida como jornalista - sim, ele faz uma bela reflexão sobre sua profissão, os riscos que ela demanda e, quando escrevia o livro, sobre  paternidade que dali à poucos meses viria a viver. Belo jeito de deixar sua marca no mundo.

0 comentários:

Postar um comentário

Início
 
IlustraPyxis - 2015. Todos os direitos reservados ©
Imagens por Freepik | Powered by Blogger